Vamos apresentar um modelo novo de organização da sociedade.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A comunicação social cria uma ciência vrtual de substituição

Em continuação da publicação anterior, vamos considerar alguns exemplos de como a comunicação social consegue criar "conhecimentos virtuais", que substituem e "complementam" os conhecimentos científicos, servindo então de base de decisões políticas, com consequências económicas e sociais muito sérias.

Exemplo 1. O problema da camada do ozono

Este problema foi discutido muito nos meios da comunicação social. Não há dúvidas que a acumulação dos clorofluorocarbonetos (CFCs) na atmosfera terrestre pode afectar a química atmosférica e a quantidade do ozono na atmosfera. Entretanto, e qualidade de conhecimento científico que fundamentou as decisões políticas que proibiram o uso quotidiano dos CFCs e a sua produção em elevadas quantidades revelou-se muito fraca. Realmente, basta lembrar que as previsões feitas pelos cientistas apontavam que a camada do ozono devia recuperar em 100 anos, enquanto na prática o processo apenas levou 15 ou 20 anos. Isso significa que temos conhecimento de apenas 1/5 dos factores que afectam a dinâmica atmosférica do ozono, ignorando por completo o resto. Embora concordamos plenamente com a proibição dos CFCs, já que a sua acumulação na atmosfera pode ter todo o tipo de consequências indesejáveis, não podemos deixar de notar que as respectivas decisões foram tomadas com base nos conhecimentos científicos virtuais, criados pela comunicação social, mas inexistentes na realidade.

Exemplo 2. O problema do aquecimento global

Já existe o consenso público de que o aquecimento global está a ser provocado pela actividade humana, e que, consequentemente, temos de tomas medidas para reduzir as emissões de óxidos de carbono e de outros gases com efeito de estufa, de modo a reduzir os efeitos da actividade humana. Vamos então ver a qualidade dos conhecimentos científicos que fundamenta este consenso. Considerando o gráfico da página 30 (Trenberth, 2007), e assumindo que são apresentados os melhores resultados de modelação computacional do clima, resta nos concluir que os modelos existentes são flagrantemente incompletos, e, na consequência, não têm qualquer credibilidade. Realmente, considerando as oscilações da temperatura média global, à volta do ano 1990, que atingem 0.5ºC nos resultados medidos, constatamos que a oscilação prevista pelo modelo atinge 1.5ºC, ou seja, fica 3 vezes mais forte que na realidade. Isso significa que o modelo reconhece, no melhor dos casos, apenas 1/3 dos factores que afectam a dinâmica do clima, desconhecendo os restantes. Lembrando ainda que os modelos usados incluem factores arbitrários ajustáveis para melhorar as suas previsões dos efeitos das actividades humanas, resta nos concluir que a qualidade dos nossos conhecimentos científicos do clima é manifestamente insuficiente. Assim, os mesmos conhecimentos não devem nem podem servir de base para as respectivas decisões políticas. Entretanto, a falta de conhecimento científico foi mais uma suprimida pelo conhecimento virtual, formado pela comunicação social.

Exemplo 3. Prioridades deslocadas: genómica e proteómica

Vamos agora mostrar que as esperanças públicas, criadas pelas comunicação social, são infundadas, e consequentemente, os dinheiros alocados ao desenvolvimento deste ramo de ciência estão usados mal, podendo trazer benefício sociais muito maiores quando aplicadas noutras áreas. Ora, tanto como nos muitos outros casos, o público está a ser enganado em relação aos dois momentos principais: os prazos previsíveis para podermos colher os benefícios, e a existência destes mesmos benefícios de tecnologias genómicas e proteómicas.

Notemos que a maquinaria celular é uma coisa altamente complexa, coisa que a maioria dos adeptos desta ciência prefere a não mencionar. Há uns 5 anos foi badalado muito o "descobrimento" do genoma humano, resultado do trabalho de vários grupos científicos, durante muitos anos, e do desenvolvimento tecnológico, que criou condições para que este trabalho pudesse ser finalizado num intervalo de tempo razoável. Ora, o que "decifrado", são apenas 10% do material genético, correspondente aos cerca de 10000 proteínas codificadas pelo ADN humano. E então, perguntaremos? Bem, então - nada, apenas falta estabelecer as funções dos 10000 proteínas, e descobrir as interacções existentes entre os 10000 genes, 10000 proteínas, e outros factores (que de momento desconhecemos, mas que, inclusivamente, devem estar codificados pelos restantes 90% do genoma), que controlam a maquinaria celular. E quais são os métodos experimentais usados na pesquisa destas interacções? Podem ser comparados às tentativas de um macaco, que tem um martelo e uns pregos, a estudar o funcionamento do chip de um computador. O macaco mete o prego no chip, e olha se o chip inda faz alguma coisa, e se for o caso, o que é que deixou de fazer. Por este andar, mesmo se todos os cientistas passassem a trabalhar nesta área, o prazo necessário para percebermos suficientemente o funcionamento celular seria medível pelas centenas de anos, porque envolve trabalho experimental necessário para descobrir as interacções existentes entre numerosos componentes, enquanto de momento nem as funções dos mesmos componentes sabemos.

Temos abordado o problema fundamental desta área de conhecimento, entretanto, as "soluções" para alguns problemas práticos e a criação das respectivas tecnologias estarão muito mais perto de que centenas de anos. Aqui as promessas são muitas, e os investimentos públicos avultados, mas os resultados muito poucos, o que não é muito surpreendente, dados os métodos usados. Por outro lado, as perspectivas que se abrem com o desenvolvimento das tecnologias genómicas não são muito animadoras no que diz respeito ao futuro da toda a raça humana. Realmente, a humanidade vai adquirir a capacidade de mexer no seu próprio genoma muito antes de se aperceber como ele funciona, as cegas, pois vai ainda precisar de muito tempo para perceber o funcionamento da maquinaria celular. Os prováveis resultados destas intervenções foram já explorados pelos escritores da ficção científica, e não tardarão a surgir logo que seja criada a respectiva tecnologia, pois a partir daí não haverá possibilidade de voltar atrás.

Exemplo 4. Energia termo-nuclear e energia nuclear limpa

As promessas de energia termo-nuclear (de fusão dos núcleos, o mesmo processo acontece dentro do Sol) têm surgido há cerca de 30 anos; estimava-se na altura que as necessárias tecnologias serão criadas dentro de 20 ou 25 anos, a energia produzida seria barata, abundante (na medida que o respectivo combustível - deutério, ou hidrogénio pesado, pode ser extraído da água) e ecologicamente limpa, já que o processo não produz gases com efeito da estufa, nem detritos radioactivos, como o fazem centrais nucleares (estas usam processos de cisão nuclear). Entretanto, as promessas dadas hoje em dia relegam a introdução maciça das centrais termo-nucleares para daqui a 30 anos ou mais, e estas, afinal, nem são tão seguras, nem tão amigas de ambiente. Realmente, a energia libertada no caso de uma avaria no sistema magnético dum reactor termonuclear seria equivalente a uma bomba atómica pequena, e mais, seria necessário "reciclar" os materiais do reactor termo-nuclear que ficaram radioactivos por causa dos fluxos neutrónicos absorvidos durante o funcionamento do mesmo.

Entretanto, existe desde há 20 anos o conceito de um reactor de neutrões rápidos, com arrefecimento de sódio líquido. Este reactor tem grandes vantagens tanto comparado com as reactores nucleares existentes, como comparado com os futuros (inexistentes ainda, depois de 30 anos de trabalho) reactores termo-nucleares. Nomeadamente:
  • O seu combustível não necessita de separação isotópica, e não pode ser usado em bombas nucleares, deste modo, o uso destes reactores é compatível com a não proliferação das armas nucleares, que necessitam de material isotopicamente enriquecido.
  • Fica muito mais seguro, pois pode ser arrefecido pela convecção do sódio líquido, sem precisar de bombas da circulação.
  • Extrai 98-99% da energia contida no urânio extraído da mina, enquanto os reactores existentes apenas conseguem extrair 1-2%.
  • As tecnologias de preparação do combustível são muito mais baratas e rápidas de que as correntes.
  • Pode ser usado para aproveitar de todos os detritos nucleares acumulados até agora, como resultado de funcionamento de reactores nucleares existentes. Feito isso, os detritos poderão fornecer toda a energia necessária para a humanidade nos próximos 100 anos, sem precisar de extrair mais urânio das minas.
  • 90% das tecnologias necessárias para a sua implementação já existem e são usadas na escala industrial.
Ora, as decisões politicas, condicionadas pelos meios da comunicação social, foram tomadas a favor de um conceito tecnológico mais bonito (usar o equivalente da energia solar), mais obviamente muito mais caro e muito menos prático.

Referências:

Kevin E. Trenberth, "Warmer oceans, stronger hurricanes", Scientific American, July 2007, pp. 27-33. Internet: http://www.sciamdigital.com/index.cfm?fa=Products.ViewIssuePreview&ARTICLEID_CHAR=0C90D702-2B35-221B-6DF06998B4F07800&sc=I100322

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